Partindo do suporte livro, enquanto objeto_livro e as transcendências que convocam os textos que pautiza, enuncia-se nesta obra uma arena de testemunhos de vivenciação. Resultaram eles de operações experienciadas em geografias diversas, mormente as, atemporalmente, ancoradas na comunidade Artist-run spaces em Coimbra nos anos setenta e oitenta. Trabalharam-se as artitudes, a condição do autor artor advogada nas territorialidades do happening, a escultura social beuysiana, a identidade FLUXUS e suas contaminações até John Cage (comungando com Wolf Vostell, Robert Filliou, Serge III Oldenbourg e Juan Hidalgo). Aí as transfigurações do comportamento fizeram-se nutrir de uma aleatoridade na música (com Ernst Thoma e Peter Trachsel, ou mesmo Jorge Lima Barreto) mas, e não menos, dos aqui então gerados silêncios sonoros em Projectos & Progestos (com James Coleman, Nigel Rolfe, Alistair McLennan, Grzegorz Stabinski, Frank Na, Plassum Harel, Erna Nijman, Lydia Schouten, Ernesto Melo e Castro, o Stathion House Opera, com Julian Maynard Smith, e o Artitude:01).
Foram os testemunhos, em texto, resgatados mormente às revistas Música em Si, Via Latina e Artitude:01, em oitenta, então editadas na debordiana cintura situacionista da cidade a partir da guerrilha urbana estudantil, a seu tempo.
Como consequentes foram as procuras, desenha-se ainda nesta publicação, contida – porque sumária desafiando outras navegações e documentos sinalizados – explorações diversas no diálogo convulso entre a Música depois de Cage, e os Silêncios [Sonoros]. Conjuguei aí River com Augusta Villalobos, Viver, com Spiridon Shishigin, e Vincos, com Carlos Barretto, Carlos Zingaro e Vítor Rua – três elegias a Jorge Lima Barreto. Mas também a escultura acústica urbana gerada pela palavra na_rua, em Se vão da Lei, com João Ferreira da Silva e Tiago Vaz no projeto Cidade_Livro para Sons da Cidade em diálogo com – o meu antes Mestre – R. Murray Schafer.
São os silêncios sonoros, e o visualismo constante que aí me convoca, parte integrante de uma investigação continuada no domínio do comportamento: objecto_corpo_texto [obgestos]. Todo um silêncio para além do silêncio. Depois de Cage. Sonoro. Essa Música, outra. Em si[tuAção].
[Livro: “John CAGE…”, #1 – Colecção Contaminações, Edição Alma Azul, Coimbra. Pedidos e Informação para: artitude.ab@gmail.com].
António Barros
Estudou na Universitat de Barcelona_Facultat de Belles Arts, e na Universidade de Coimbra _Faculdades: Medicina; Psicologia e Ciências da Educação. Criou Artitude:01 [Projectos & Progestos], OIC [CAPC], ARexploratóriodasartes, e A_A [Barcelona, Nantes]. Obra nas coleções do Museu Serralves; Museo Vostell Malpartida; MUDAS; Fundació Joan Brossa_Barcelona; Archivio Guglielmo Achille Cavellini_Brescia e Walden Zero-Transdisciplinary Art and Education Project _Locarno. Artitudes recentes em Paradigm Shift_MUSAC-Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y Léon, 2011 e Esclaves_Mémorial de l’Abolition de l’Esclavage, 2016, Nantes. V+:http://po-ex.net/ http://barrosantonio.wordpress.com/