A pauta de Música Negativa, criada por E. M. de Melo e Castro (n. 1932) em 196- e apresentada pelo menos quatro vezes desde o seu evento inaugural no Concerto e Audição Pictórica, tem uma notação peculiar – três símbolos, um quadrado, um triângulo e um círculo, referem-se a ações visíveis ou invisíveis, que devem suceder-se segundo um guião claro e bem estabelecido. Cada círculo, por exemplo, implica um “percutir pousado” ou “a inquietação”. Os objetos a utilizar poderão mudar com cada re-performance. O médium, esse, é sempre o corpo ou corpos de quem percute, de quem pausa, de quem agita, ou de quem sente.
Esta apresentação procura refletir sobre o processo de documentação de Música Negativa, discutindo, também, as possibilidades de reperformance desta obra em contextos institucionais e não institucionais.
Hélia Marçal (1988) completou o Mestrado em Conservação e Restauro na Universidade Nova de Lisboa em 2012 com a dissertação Embracing transience and subjectivity in the conservation of complex contemporary artworks: contributions from ethnographic and psychological paradigms. Neste momento doutoranda na mesma Universidade (com o projeto financiado pela FCT), onde estuda a preservação de obras de performance arte portuguesas, focando-se na análise crítica de estratégias de documentação e no estudo do processos de tomada de decisão na conservação destas obras. Através deste projecto, que procura estudar estratégias de documentação e mediação de obras de arte da performance portuguesas, nas quais se incluem obras de artistas como Ernesto de Sousa, Vasco Araújo, Carlos Nogueira, Manoel Barbosa, Francisco Tropa, Ana Borralho & João Galante, entre outros. No âmbito desta investigação, tem publicado diversos artigos, realizado comunicações e organizado eventos (Para mais detalhes sobre as publicações consultar: http://sites.fct.unl.pt/doutoramento-conservacao-restauro- patrimonio/pages/helia-marcal-1). Juntamente com este trabalho, tem acumulado desde o final 2014 a função de Assistente de Coordenação do Grupo de Trabalho em Teoria e História do ICOM-CC (International Council of Museums – Committee for Conservation).