CIMJ E MEDIALAB ORGANIZAM DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES NO DIA DA LIBERDADE DE IMPRENSA
O objetivo da iniciativa foi colocar em contato duas gerações separadas por mais de meio século e fazer perceber que as grandes diferenças que as separam também podem ser um motivo de aproximação e diálogo.
Os mais velhos falaram não só sobre a escassez de informação em que cresceram, marcada pela censura; contaram também como encontravam formas de comunicar à distância uns com outros (pela linguagem Morse ou pelo telefone de cordel construído à mão) revelando o desejo de comunicar com amigos como marca perene da adolescência; falaram ainda dos tempos da telefonia e da chegada da televisão e de meios que praticamente desapareceram (como os telegramas e as cartas de amor).
Os mais jovens referiram como cresceram rodeados de tecnologia audiovisual e revelaram que nem todos fazem uso das tecnologias digitais com a mesma intensidade e interesse.
Alguns dos mais velhos surpreenderam os mais novos pelas suas competências digitais e espírito de iniciativa, agindo como facilitadores no uso do correio eletrónico ou do Skype. Mais novos e mais velhos referiram memórias remotas com os media (como a televisão acabada de chegar a casa, nos mais velhos), marcadas pela ingenuidade para os dois grupos, e destacaram o telemóvel como o meio de comunicação (e de informação) que teriam mais dificuldade em prescindir. No final, cada grupo retratou o outro. Aqui ficam o poema de Augusto Gil, “O Edital”, recitado de memória por Susete Bugalho, 82 anos, e disponível no blogue, de outro dos participantes séniors, José Mota (72 anos), e o texto dos jovens sobre os mais velhos,
“Eles são aqueles que… (os mais velhos vistos pelos mais novos)
Eles são aqueles que viram o homem aterrar na lua, que viram as grandes revolução nos meios de comunicação, que sabem que traço-ponto-traço é SOS, que passaram pela II Guerra Mundial, que viveram o regime salazarista e o 25 de Abril, mas acima de tudo que aceitaram as novas tecnologias e ainda tentam aprender a usá-las.
Apesar da idade que têm, continuam a ser jovens de espírito; mantém a curiosidade que provavelmente terão tido em crianças e não se recusam a aprender com os jovens.
Ao partilhar as nossas experiências, compreendemos o quão diferente é a nossa realidade da deles, mas apercebemo-nos também da importância que todos os meios de comunicação que usavam tiveram na sua experiência de vida (cartas de amor, os copos para comunicar e combinar as saídas, …).
Acima de tudo, admiramos a sua vontade para continuar a aprender!”
Carlos (estudante de Medicina), Mafalda (estudante de Direito), Miguel e Susana (estudantes de Ciências da Comunicação)
foto:Media Lab divulgação