Avaliação de Unidades de I&D: Os erros de uma avaliação*

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Avaliação de Unidades de I&D: Os erros de uma avaliação*2014-07-28T09:10:24+00:00

Criado na área da comunicação, e no contexto da candidatura a financiamento 2015-20 da FCT – o CIC.Digital reúne investigadores integrados de pólos de quatro Universidades (Porto, Aveiro, Nova e Lusófona). Congrega os dois mais antigos centros das ciências da comunicação em Portugal (CECL e CIMJ), fundadores da área no País, a que se juntaram os dois mais novos da área com maior potencial inovador (CETAC.Media e CICANT).

Foi, nesta avaliação da ESF/FCT, classificado por peritos da área no patamar Muito Bom/Excelente’ (17,3/20), tendo passado, semanas depois, a "Razoável" (12/20).

O CIC.Digital possui 117 investigadores e acolhe o maior e mais qualificado número de doutorandos da área. Único centro de investigação no país que corresponde ao perfil definido pelo Conselho Científico da FCT, integrando as Ciências da Comunicação e Informação (CCI), foi impropriamente avaliado por um painel de Humanidades, sem qualquer especialista da área de CCI.

No período 2008-2012, em avaliação neste concurso, a unidade teve 69 teses de doutoramento defendidas; 325 artigos em revistas com "peer-review"; 179 livros; 625 capítulos de livros; 14 modelos; 2 patentes; 44 protótipos; 19 contratos de investigação com a indústria; 47 contratos de investigação competitivos com entidades nacionais e internacionais; 1557 outros "outputs" de investigação e esteve envolvido em 6 programas de doutoramento em Comunicação a nível nacional (um deles em parceria com a UTAustin, a UNL e a UPorto, em Digital Media).

Uma das coordenadoras do CIC.Digital preside actualmente à principal associação europeia da área (ECREA – European Communication Research and Education Association).

O CIC.Digital publica regularmente 6 revistas científicas. Desde 1984, conta mais de um milhar de artigos científicos na área, com a contribuição de muitos dos melhores especialistas portugueses e estrangeiros.  

Face a isto, o avaliador final considerou a unidade "prematura", etiquetou-a com "fair" e assinou a sua morte: não deve ser financiada…

Denegriu a sua forte estratégia no campo da Lusofonia, como sabemos, central para a nossa economia, tecnologia, ciência, língua e cultura do país. E menorizou tudo o que a unidade conquistou até aqui no âmbito europeu e luso-americano (projetos competitivos UE/FP7, formação avançada e percentagem significativa de publicações em inglês).

Não quis perceber que o CIC.Digital está integrado na plataforma de disseminação do conhecimento científico ROSSIO (gerida pela FCSH/NOVA) consolidada como referência nacional, futura antena da plataforma europeia DARIAH-EU. E ignorou o seu enquadramento no eixo estratégico de investigação da Agenda Digital da UE.

Esta foi uma avaliação enviesada, com erros grosseiros, que introduziu uma alteração radical de valoração no decurso de um mesmo processo e em função da mesmíssima proposta, com avaliadores da mesma entidade avaliadora – o que veio afetar a credibilidade da instância de avaliação.

O projecto do CIC.Digital está alicerçado em investigação de várias décadas, realizada no âmbito das melhores universidades do país, responde à exigência de visão estratégica e inovadora suscitada por este concurso e dá verdadeira sustentabilidade à área científica das CCI.

Os signatários esperam que a FCT reavalie então de modo justo e transparente o que tem que ser reavaliado, admitindo os erros flagrantes e graves aqui cometidos.

Cláudia Álvares (ULHT); Estrela Serrano (CIMJ); F. Rui Cádima (FCSH/NOVA); Fernanda Ribeiro (FL/UPorto); Isabel Ferin (CIMJ); José Bragança de Miranda (FCSH/NOVA); Lídia Oliveira (UAveiro); Manuel José Damásio (ULHT); Teresa Cruz (FCSH/NOVA)

 

 

*Expresso, edição de 26-07-2014