Provas de doutoramento de Bruno Paixão

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Provas de doutoramento de Bruno Paixão2015-12-18T13:32:41+00:00

Realizou-se no dia 17 de dezembro, pelas 10:30h, na Universidade de Coimbra, a prova de doutoramento em Ciências da Comunicação de Bruno Paixão, no ramo de Estudos do Jornalismo, tendo sido aprovado com distinção e louvor por unanimidade. O juri é composto pela orientadora, Professora Doutora Isabel Ferin Cunha (Universidade de Coimbra) e pelos Professores Doutora Rita Figueiras (Universidade Católica), Doutora Ana Cabrera (Universidade Nova de Lisboa), Doutor Joaquim Fidalgo, (Universidade do Minho), Doutor Carlos Camponez (Universidade de Coimbra), Doutor João Figueira (Universidade de Coimbra) e Doutora Isabel Nobre Vargues (Universidade de Coimbra), que presidiu à sessão. A tese tem por título "A Mediatização do Escândalo Político em Portugal no Período Democrático".

RESUMO

O escândalo político é um fenómeno mediático que incide sobre alegadas transgressões de normas ou valores morais, cometidas por sujeitos políticos, podendo estas causar danos à sua reputação e inviabilizar as suas pretensões de poder. O enfoque colocado no campo dos media deve-se à prevalência do papel central da comunicação social nas sociedades contemporâneas e da visibilidade que esta concede aos escândalos, transferindo, da esfera estritamente privada para a esfera amplamente pública, o conhecimento de alegadas ocorrências.

Tendo por base que os media concedem à sociedade perceções sobre temas e acontecimentos, influindo sobre a inteleção dos cidadãos acerca do que se passa no mundo, analisamos neste trabalho a cobertura jornalística do escândalo político, pretendendo não apenas compreender o fenómeno como também o papel dos seus intervenientes. Para tal, enquanto questão central de pesquisa, procuramos cotejar quais os padrões de cobertura jornalística entre 25 de abril de 1974 e 25 de abril de 2014.

Outras questões, que constituem perguntas centrais deste trabalho, e que, por isso, residem igualmente no cerne do nosso interesse, são desdobradas em hipóteses apresentadas nesta dissertação. Entre elas, a de saber em que sentido tem evoluído a cobertura jornalística do fenómeno em Portugal e se os media tendem a focar-se na trama de espetáculo que envolve os casos, se o contexto cultural em que uma ação ocorre ajuda a definir se o caso é escandaloso, que peso tem a cobertura da corrupção no escândalo político, se podemos inferir que um escândalo de grande dimensão faz desviar o foco mediático de outro que esteja já a decorrer, e se há maior incidência mediática em determinados períodos, como os eleitorais e os de crise económica e financeira.

Ao coligirmos os vários escândalos políticos, constituímos um compêndio dos casos, tendo em conta a sua presença nos media. Esse levantamento decorre da necessidade de percorrer um caminho que estava ainda por mondar e que, de alguma forma, irá contribuir para tornar mais clara a relação entre os media, os políticos e o público, sem descurar algumas áreas da justiça, dando especial ênfase ao tema da corrupção política.

O seguimento dos 99 casos que a pesquisa permitiu apurar reforçou a necessidade da sua mensuração, com o objetivo de aferirmos um grau concreto de intensidade, avaliando o seu impacto mediático. Nesse sentido, fundamentámos a nossa opção de criação da Escala de Intensidade Mediática para a comparação da magnitude que os casos propagam, com o propósito de melhor os distinguirmos, conjugando múltiplas variáveis presentes nas peças jornalísticas, bem como outros dados inerentes à análise dos media, relacionando-as através de um algoritmo concebido para o efeito, facultando à análise de conteúdos um maior grau de objetividade e de impessoalização.

Longe de ser um fait divers, o escândalo político incide sobre a ação dos protagonistas políticos, quer seja referente à sua vida privada, quer seja por via da sua exposição pública e do desempenho das funções exercidas. Estes protagonistas estão expostos à observação e ao escrutínio dos media, que, cada vez mais, exibem a sua crescente propensão para a cobertura de casos. O fenómeno pode constituir-se, por isso, numa potencial ameaça, com implicações sérias para as pessoas e instituições envolvidas, moldando a descrença numa certa moral pública e condicionando a democracia.