Viver a Telenovela – Verónica Policarpo (2006)

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Viver a Telenovela – Verónica Policarpo (2006)2010-02-22T18:05:44+00:00

Durante as últimas décadas, os estudos culturais, de natureza empírica, realizados sobre a recepção dos media, empenharam-se em demonstrar a importância das variáveis sociais na mediação do impacto dos conteúdos mediáticos. Mais concretamente, no que respeita a um produto televisivo como a telenovela, o género e a classe social destacam-se enquanto factores sociais que permitem compreender as diferenças na sua recepção. Aquela perspectiva ganha importância com as teorias pós-modernistas, para as quais o género não pode ser considerado uma categoria fixa e preexistente, mas sim como uma identidade social em permanente reconstrução.

Este estudo sobre a recepção, em Portugal, da telenovela brasileira Terra Nostra, explora a possibilidade de, para lá da classe social e do género, outras variáveis sociais se revelarem decisivas para compreender a relação das audiências com os media. Propõe-se que, no que respeita às telenovelas, enquanto produtos de conteúdo romântico e melodramático, a trajectória familiar ganha relevância para compreender a diversidade das apropriações, na medida em que fornece aos indivíduos um conjunto de experiências sociais que torna mais (ou menos) complexa a sua grelha de interpretação.

De facto, a análise dos dados recolhidos sugere que, em determinados aspectos, homens e mulheres divorciados parecem aproximar-se na sua apropriação da telenovela, tal como homens e mulheres casados. A ser assim, a trajectória familiar revela-se uma variável fundamental para compreender, não só a importância do melodrama para as audiências, mas também a forma como estas negoceiam permanentemente a sua identidade de género, quando assistem a este tipo de conteúdo ficcional.

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