(1865-1898)
Autoria: Margarida I. Almeida Amoedo
Horizonte geracional
GERAÇÃO “DEL 98”
País
Espanha
Data e local de nascimento
Granada, 13 de Dezembro de 1865
Formação e acção
Depois de ter concluído o ensino primário, Ganivet só tardiamente prosseguiu os seus estudos, devido à longa convalescença de uma lesão grave de que sofreu, numa perna. Porém, esse interregno não o impediu de vir a ser um excelente aluno, mesmo ao nível universitário onde se licenciou, quer em Filosofía y Letras, quer em Direito.
Tendo-se mudado para Madrid, para preparar o seu Doutoramento em Filosofía y Letras, começou por ver recusada a sua tese, intitulada “España filosófica contemporánea”, que substituiu por uma outra dedicada a “La importancia de la lengua sánscrita”.
A sua permanência na capital espanhola permitiu-lhe acompanhar os debates vivos, que ali decorreram no final da década de oitenta, princípio da seguinte, do Século XIX, nomeadamente no Ateneo, debates em que a ciência (associada ao progresso) era contraposta à fé (associada à tradição).
Sabemos, nomeadamente pelo prólogo escrito por Miguel de Unamuno para a publicação em livro – El porvenir de España – do diálogo epistolar entre os dois, que se conheceram em 1891, quando ambos se encontravam a preparar concursos para as cátedras universitárias de Grego, em Salamanca e Granada. Ganivet, ao contrário de Unamuno, não foi bem-sucedido nesse propósito, pelo que, profissionalmente, depois de ter trabalhado, em Madrid, na biblioteca do Ministerio del Fomento, concorreu e ingressou na carreira diplomática.
Actividade desenvolvida
O escritor Ganivet desenvolverá a sua obra a par dos seus desempenhos como diplomata, primeiro, como Vice-Cônsul de Espanha em Antuérpia (1892-1895), depois como Cônsul, em Helsínquia (1896-1898) e, embora por pouco tempo, em Riga, onde acabou por se suicidar em 1898, a poucos dias de cumprir trinta e três anos.
Data e local de falecimento
29 de Novembro de 1898 (32 anos), Riga
Lema e linha filosófica
Perante a diversidade de correntes filosóficas actuais no seu tempo, Ángel Ganivet experiencia um certo cepticismo, por um lado, e, por outro, adopta um imperativo de inspiração agostiniana que se converte, nalguma medida, no seu lema: “Noli foras est; in interiore Hispaniæ habitat veritas”.
Linha filosófica e caracterização geral da obra
A obra de Ganivet, no que tem de problematização filosófica, insere-se na linha dos pensadores espanhóis que, no final do Século XIX, se interrogaram acerca da essência da sua pátria.
As suas doutrinas, convicções e contradições, revelou-as quer enquanto ensaísta, quer enquanto romancista, poeta, dramaturgo, tendo também cultivado o género epistolar.
Dado que não começou a publicar muito jovem, mas morreu prematuramente, o período em que produziu a maior parte das suas obras foi aquele em que viveu na Finlândia, onde, aliás, publicou a 1ª edição de Granada la bella (1896).
No seu romance La conquista del reino de Maya por el útimo conquistador español Pío Cid (1897), Ganivet cria um protagonista em quem um certo esforço heróico choca com a resistência de uma sociedade ao progressismo material que se lhe tenta impor. O mesmo Pío Cid, qual símbolo do instinto de um povo conquistador, voltaria a ser trabalhado pelo autor noutro romance, Los trabajos del infatigable creador Pío Cid (1898), que Ortega y Gasset considerou como um dos melhores em língua espanhola.
O próprio Ganivet, por seu turno, considerava o Idearium español (1897) como a sua melhor obra. Nela apresenta a doutrina das “ideas madres” graças à qual pensa a história de Espanha, tomando por fio condutor o estoicismo de Séneca. A atenção à sua terra, que nesse ensaio chega a converter-se em intenção de salvar a nação, advogando a necessidade de ideais, é um dos denominadores comuns das preocupações da Geração “del 98” de que pode considerar-se, juntamente com Unamuno (nascido um ano antes, em 1864), um dos precursores.
A sua vivência dos países nórdicos é particularmente evidente no título dos livros Cartas finlandesas (1898) e Hombres del Norte, este último já publicado postumamente, tal como o “drama místico” El escultor de su alma e o Epistolario.
Em geral, a sua escrita revela, ao mesmo tempo, grande inteligência e grande sensibilidade, que, perante os problemas da sua época, dentro e fora de Espanha, se mostram atormentadas e geradoras de um discurso frequentemente irónico.
Bibliografia activa
– Obras completas. 10 vols. Madrid: Editorial Librería Nacional y Extranjera, 1923-1930.
– Obras completas. 2 tomos. Madrid: Aguilar, 1943.
Bibliografia passiva
AGUIRRE PRADO, Luis – Ganivet. Madrid: Publicaciones Españolas, 1965.
DÍAZ DE ALDA HEIKKILÄ, María del Carmen (ed.) – Estudios sobre la vida y la obra de Ángel Ganivet. A propósito de “Cartas Finlandesas”. Madrid: Ed. Castalia, 2000.
FERNÁNDEZ ALMAGRO, Melchor – Vida y obra de Ángel Ganivet. Madrid: Revista de Occidente, 1952.
GALLEGO BURÍN, Antonio – Ganivet. Lectura dada en el Centro artístico de Granada el 23 de marzo de 1921. Granada: Impr. de Paulino Ventura Traveset, 1921.
- Ganivet, su españolismo y su vigencia. Tetuán: Editora Marroquí, 1951.
GALLEGO MORELL, Antonio – Ángel Ganivet. El excéntrico del 98. Granada: Ed. Fundación Manuel J. Rodríguez-Acosta, 1965.
- Estudios y textos ganivetianos. Madrid: Instituto «Miguel Cervantes» / C.S.I.C., 1971.
- Sobre Ganivet. Granada: Universidad de Granada, 1997.
GARCÍA LORCA, Francisco – Ángel Ganivet. Su idea del hombre. Buenos Aires: Losada, 1952.
HERRERO, Antonio – Un pensador español: Ángel Ganivet. Buenos Aires: La Razón, 1921.
HERRERO, Javier – Ángel Ganivet, un iluminado. Madrid: Gredos, 1966.
OLMEDO MORENO, Miguel – El pensamiento de Ángel Ganivet. Madrid: Revista de Occidente, 1965.
PUERTAS MOYA, Francisco Ernesto – De soslayo en el espejo: Ganivet y el héroe autobiográfico en la modernidad. Madrid: J. Pastor, 2005.
Rilce. Revista de Filología Hispánica, Navarra, Vol. 13 n.º 2 (1997.
SALGUERO, Miguel – Ángel Ganivet y el porvenir de la ciudad pensada. Granada: Caja Granada, 2005.
SANTIÁÑEZ-TIÓ, Nil – Ángel Ganivet, escritor modernista. Teoría y novela en el fin de siglo español. Madrid: Editorial Gredos, 1994.
- Ángel Ganivet: una bibliografía anotada (1892-1995). Granada; Diputación Provincial de Granada, 1996.