MARÍA ZAMBRANO

(1904 – 1991)

Autoria: Margarida I. Almeida Amoedo

Horizonte geracional

GERAÇÃO “DEL 27”

País

Espanha

Data e local de nascimento

Vélez-Málaga, 22 de Abril de 1904

Formação e acção

María Zambrano era filha de dois professores e, por razões profissionais, foram várias as mudanças da residência da família, durante os seus primeiros anos de vida. Muito nova foram viver para Madrid, onde iniciou a sua formação escolar. Embora a família tenha depois mudado para Segovia, María Zambrano, que ali realizaria os seus estudos secundários, voltaria à capital espanhola para estudar Filosofia, a partir de 1921, como aluna livre da Universidad Central de Madrid. Na verdade, só entre 1924 e 1927 se dedicaria com mais continuidade às aulas, tendo nesse período como professores Ortega y Gasset, García Morente, Julián Besteiro e Xavier Zubiri que estava a começar a sua carreira.

Actividade desenvolvida

Para além da sua intensa colaboração, desde 1928, nas actividades da Federación Universitaria Española (FUE) e, finda a ditadura de Miguel Primo de Rivera, nas actividades do grupo do semanário Nueva España, onde publica, entre 1930 e primeiros meses de 1931, os artigos “Del movimiento universitario”, “Síntomas”, “Síntomas. Acción directa de la juventud”, “La función política de la universidad” e “Esquema de fuerzas”, María Zambrano vê editado, ainda em 1930, o seu primeiro livro sob o título Horizontes del liberalismo.

A discípula de Ortega foi professora no Instituto Escuela e colaborou, com Rafael Dieste, Serrano Plaja, Azcoaga e Sánchez Barbudo, na criação da Hoja Literaria.  Também seria professora assistente de Metafísica (de 1931 a 1936), num tempo em que havia poucas mulheres universitárias. Fez parte da tertúlia da Revista de Occidente e publicou vários artigos em defesa de um feminismo integrador. A partir de 1933 pode considerar-se particularmente profícua a sua produção, quer literária, quer pedagógica e filosófica. Em 1934 publica artigos fundamentais para a afirmação do seu pensamento próprio e preparava a sua tese de doutoramento, sobre o tema da salvação do indivíduo em Espinosa, quando eclodiu a Guerra Civil, no mesmo ano em que casou e partiu para Santiago do Chile. Em 1937 regressaria a Espanha, onde colabora na defesa da República. Em 1939, parte para o exílio que a levará a Paris, Nova Iorque, Havana, México, San Juan de Puerto Rico, Roma e Genebra. Em Espanha, só a partir do final da década de 60 do Século XX começa a ser conhecida pela sua obra. A Universidad de Málaga concede-lhe, em 1981, o título de Doctora honoris causa, mas só regressará ao seu país em finais de 1984, passando a residir em Madrid até aos seus últimos dias.

Data e local de falecimento

Madrid, 22 de Fevereiro de 1991

Lema e linha filosófica

A sensibilidade de María Zambrano ao mistério do Ser reclama uma razão-poética, que é o filamento de toda a sua reflexão acerca do que liga o humano e o divino.

Linha filosófica e caracterização geral da obra

Entre os escritos da autora, podem destacar-se Filosofía y poesía (1939), Hacia un saber sobre el alma (1950), El hombre y lo divino (1955), Persona y Democracia: Una historia sacrificial (1958), Claros del bosque (1977), El reposo de la luz (1986) e Para una historia de la piedad (1989), como exemplos de uma obra mais alargada. A ela e à originalidade de Zambrano fica associada a distinção entre a atitude filosófica, que nasce da ignorância e da pergunta, e a atitude poética, que corresponde à resposta ou ao encontro de sentido. O ser humano, sendo problema para si mesmo, vivencia a nostalgia, a esperança e a tragédia que o racionalismo não resolve (pois a realidade não é transparente à razão) e, nessa medida, a pessoa carece da razão poética. A tarefa de procurar a essência do humano, através das suas manifestações sob a forma de deuses e da história, configura-se como interrogação filosófica acerca da realidade, primeiramente caótica e, graças à mediação poética, compreensível na sua inultrapassável penumbra. Explicitamente inspirada pelos ensinamentos de Ortega y Gasset acerca da etapa decisiva da experiência grega de vazio dos deuses e da pergunta ontológica (“Que são as coisas?”) como origem da Filosofia, Zambrano, demarcando-se do caminho de uma história em que triunfarão a busca da teoria pura e a consciência,  assumirá de uma maneira singular as raízes de uma possível sabedoria  acerca do mistério da vida humana, de um saber sobre a alma, em que a Filosofia dialoga proveitosamente com a Religião e a Poesia. Para tanto, tem de reconhecer e trabalhar sobre a escuta e a palavra perdida, sobre o sonho e a criação, e, acima de tudo, sobre a acção criadora da própria pessoa.

Bibliografia activa

La tumba de Antígona. México: Siglo XXI, 1967.

Los intelectuales en el drama de España y escritos de la guerra civil. Madrid: Editorial Trotta, 1998.

La agonía de Europa. Madrid: Editorial Trotta, 2000.

Algunos lugares de la poesía. Madrid: Editorial Trotta, 2007.

Obras completas. 6 tomos, Ed. de Jesús Moreno Sanz. Barcelona: Galaxia Gutenberg / Círculo de Lectores, 2011.

Bibliografia passiva

AAVV – María Zambrano. Su vida y su obra. Málaga: Junta de Andalucía/Consejería de Educación y Ciencia, 1992.

BALZA, Isabel Tiempo y escritura en María Zambrano. San Sebastián: Editorial Iralka, 2001.

BENEYTO, José María – González Fuentes, Julio – María Zambrano. La visión más transparente. Madrid: Editorial Trotta, 2004.

BUNDGAARD, Ana Más allá de la filosofía. Sobre el pensamiento filosófico-místico de María Zambrano. Madrid: Editorial Trotta, 2000.

  • Un compromiso apasionado. María Zambrano: una intelectual al servicio del pueblo (1928–1939). Madrid: Editorial Trotta, 2009.

CABALLERO RODRÍGUEZ, Beatriz «La centralidad del concepto de delirio en el pensamiento de María Zambrano», Arizona Journal of Hispanic Cultural Studies, 12 (2008), 89–106.

EGUIZABAL, José Ignacio – La huida de Perséfone: María Zambrano y el conflicto de la Temporalidad. Madrid: Biblioteca Nueva, 1999.

  • El Exilio y el Reino. En torno a María Zambrano y otros textos. Madrid: Huerga y Fierro Editores, 2000.
  • Zambrano-Valente, la destrucción y el amor y otros textos. Salamanca: Amaru Ediciones, 2008.

LABAJO VALDÉS, Joaquina – Sin contar la música: Ruinas, sueños y encuentros en la Europa de María Zambrano. Madrid: Endymion Ediciones, 2011.

LIZAOLA, Julieta – Lo sagrado en el pensamiento de María Zambrano. México: Ediciones Coyoacán, 2008.

MOLINA, Sebastián – María Zambrano: El carácter mediático de la piedad y del amor en la realización de la persona. Málaga: Servicio de Publicaciones de  la Universidad de Málaga, 2007.

REVILLA, Carmen – Claves de la razón poética. María Zambrano: un pensamiento en el orden del tiempo. Madrid: Editorial Trotta, 1998.

RIVARA, Greta – La tiniebla de la razón. La filosofía de María Zambrano. México: Editorial Ítaca, 2006.

SÁNCHEZ-GEY VENEGAS, Juana – “La segunda década del exilio: Ortega en la obra de María Zambrano en torno a 1955”, Boletín de la Institución Libre de Enseñanza, II, 34-35 (1999), 65-74.