PEDRO LAÍN ENTRALGO

(1908 – 2001)

 Autoria: Margarida I. Almeida Amoedo

Horizonte geracional

GERAÇÃO “DEL 36”

País

Espanha

Data e local de nascimento

15 de Fevereiro de 1908 – Urrea de Gaén (Teruel)

Formação e acção

Pedro Laín Entralgo nasceu numa pequena localidade aragonesa da província de Teruel, onde o seu pai era médico e onde iniciou os seus estudos, que continuaram, mais tarde, em Soria, Teruel, Zaragoza e Pamplona. Após terminar nesta cidade o ensino secundário, entrou na Universidad de Zaragoza, em 1923. Começou, então, a sua Licenciatura em Ciencias Químicas terminada quatro anos depois em Valencia, em cuja universidade faria também a Licenciatura em Medicina, que concluiu em 1930.

Findo o seu serviço militar foi, em Outubro de 1930, para Madrid, para se doutorar nas duas áreas em que era licenciado. Em 1932 foi bolseiro da Junta de Ampliación de Estudios em Viena, onde, prosseguindo a sua inclinação para a psiquiatria, trabalhou na clínica do Dr. Otto Pötz. No regresso a Espanha iniciou a sua carreira como médico, em Sevilla e em Valencia, e casou-se, em 1934, com Milagro Martínez (uma das primeiras mulheres espanholas licenciadas em Química e que tinha sido sua colega de doutoramento).

Actividade desenvolvida

A actividade de Laín Entralgo, embora inseparável da sua formação académica, não se circunscreveu ao trabalho no âmbito da Medicina, uma vez que também se destacou como ensaísta e como filósofo.

Enquanto tinha estado em Madrid, como doutorando, testemunhara os distúrbios depois da queda da monarquia e, quando a Guerra Civil espanhola iniciou, tomou o partido da “causa nacional”, filiando-se na Falange. Graças a essa opção – a que não foram por certo estranhas as suas convicções católicas, nos antípodas do anti-clericalismo de muitos republicanos –, chegou a ocupar cargos políticos importantes (como o de Director da Editora Nacional e da Residencia de Estudiantes “Jiménez de Cisneros”) , ainda que não tenha sido a sua actividade política a que mais o distinguiu.

Doutorado em Medicina em 1941, obteve no ano seguinte a cátedra de História da Medicina da Universidad de Madrid que ocupou até jubilar-se, em 1978. Na mesma universidade foi Reitor, de 1951 a 1956. Se, por um lado, é inegável o seu papel na ideologia política das primeiras etapas do franquismo, por outro, o seu trabalho intelectual, tanto no campo da História da Medicina, como no da Antropologia Filosófica, foi-se desenvolvendo e impondo, mais pela sua qualidade, do que por afinidades ideológicas. Em todo o caso, os seus artigos no jornal Arriba España ou a fundação, com Dionisio Ridruejo, da revista El Escorial, ou a proximidade inicial às posições de Eugenio d’Ors, por exemplo, marcam um vínculo com a situação política resultante da Guerra Civil que só se irá esbatendo com a década de cinquenta e seguintes. Numa nova etapa histórica da Europa e de transição da ditadura para a democracia em Espanha, Laín Entralgo fará uma interessante releitura do seu processo político e intelectual no livro Descargo de conciencia (1976).

A sua actividade como historiador da Medicina, como ensaísta que, na senda da geração “del 98”, se dedica à reflexão sobre Espanha e a sua cultura, e como um dos “sucessores” da Escola de Madrid, assumidamente sensível ao pensamento filosófico de Ortega e Zubiri, valeu a Laín Entralgo, para além de muitas outras distinções e prémios, a entrada na Real Academia da Medicina (em 1946), na Real Academia de la Lengua Española (em 1954) – de que também foi Director – e na Real Academia de la Historia (em 1964).

Data e local de falecimento

5 de Junho de 2001 (93 anos) – Madrid

Lema e linha filosófica

Em termos filosóficos, o percurso de Laín Entralgo é devedor dos seus primeiros interesses temáticos, a saber, a história da Medicina, por um lado, e a caracterização da cultura espanhola, por outro. O aprofundamento desses temas leva o autor a identificar e enfrentar cada vez melhor certas preocupações que, alimentadas por reflexões elaboradas por filósofos como Dilthey ou Max Scheler, Ortega, Heidegger ou Zubiri, o conduzirão a uma peculiar antropologia filosófica. Nesse caminho, o médico vai, ao mesmo tempo, alargando o seu saber e encontrando um método para tratar todas as questões nas suas facetas, tanto histórica, como sistemática. O conjunto da sua imensa obra escrita (livros, ensaios, artigos, prólogos, colaborações em jornais, teatro) prova, tal como as numerosas conferências e os cursos por si apresentados, que desenvolveu a sua vida, senão sob um lema, sob o imperativo de compreender e saber.

Linha filosófica e caracterização geral da obra

A abordagem por Laín Entralgo de problemas antropológicos, partindo sempre da análise da variedade histórica em que se manifestam as possibilidades distintivas da realidade humana, constitui o grande eixo da sua produção filosófica. Assim, no todo da sua obra, para além dos textos sobre Medicina (como, por exemplo, os livros Medicina e Historia – de 1941 –, Introducción histórica al estudio de la patología psicosomática – de 1950  –, ou Historia de la Medicina moderna y contemporánea – de 1954) e sobre Espanha e a sua cultura (por exemplo, La generacion del 98 – de 1945 –, España como problema – de 1949 e 2 vols. em 1956 –, ou La Universidad en la vida española – de 1951), destacam-se os livros sobre La espera y la esperanza (1957), La empresa de ser hombre (1958), Teoría y realidad del otro (1961), El problema de la comunicación interpersonal (1962), Sobre la amistad (1972), ou Antropología de la esperanza (1978), cujos títulos evidenciam os desafios, acometidos por Laín Entralgo, na meditação e tematização do humano e das instâncias pessoais que o singularizam.

A produção do autor é marcada por uma variedade temática –  abordada sempre no intuito de circunscrever, ordenar e classificar com grande clareza –, mas também por um conhecimento vasto em que a biologia, a fisiologia, a neurofisiologia servem um entendimento dinamicista do ser humano, que crê, espera e ama, e que no encontro inter-humano se constitui como pessoa ou abertura à realidade das coisas, do outro e do divino.

Bibliografia activa

– Los valores morales del nacionalsindicalismo. Madrid: Editora Nacional, 1941.

– Medicina e historia. Madrid: Edic. Escorial, 1941.

– Estudios de Historia de la medicina y Antropología médica. Madrid: Edic. Escorial, 1943.

– Sobre la cultura española: confesiones de este tiempo. Madrid: Editora Nacional, 1943

Menéndez Pelayo: Historia de sus problemas intelectuales. Madrid: Instituto de Estudios Políticos, 1944.

– Las generaciones en la historia. Madrid: Instituto de Estudios Políticos, 1945.

La generación del noventa y ocho. Madrid: Espasa-Calpe, 1945.

– La Antropología en la obra de fray Luis de Granada. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), 1946.

– Clásicos de la Medicina: Bichat. Madrid: El Centauro, 1946.

– Clásicos de la Medicina: Claudio Bernard. Madrid: El Centauro, 1947.

– Vida y obra de Guillermo Harvey. Buenos Aires: Espasa-Calpe, 1948.

Clásicos de la Medicina: Harvey. 2 vols. Madrid: El Centauro, 1948.

Vestigios: Ensayos de crítica y amistad. Madrid: Edics. y Publics. Españolas, 1948.

– Dos biólogos: Claudio Bernard y Ramón y Cajal. Buenos Aires: Espasa-Calpe, 1949.

Viaje a Suramérica. Madrid: Instituto de Cultura Hispánica, 1949.

– España como problema. Madrid: Seminario de Problemas Hispanoamericanos, 1949.

Introducción histórica al estudio de la patología psicosomática. Madrid: Paz Montalvo, 1950.

– La Universidad, el intelectual, Europa: Meditaciones sobre la marcha. Madrid: Cultura Hispánica, 1950.

– La historia clínica: Historia y teoría del relato patográfico: Madrid: C.S.I.C., 1950.

– Cajal y el problema del saber. Madrid: Ateneo, 1952.

– Palabras menores. Barcelona: Barna, 1952.

Menéndez Pelayo. Madrid: Espasa-Calpe, 1952.

Reflexiones sobre la vida espiritual de España. Madrid, 1953.

Sobre la Universidad hispánica. Madrid: Cultura Hispánica, 1953.

Clásicos de la Medicina: Laennec. Madrid: CSIC, 1954.

– La memoria y la esperanza: San Agustín, San Juan de la Cruz, Antonio Machado, Miguel de Unamuno. Madrid: Real Academia Española, 1954.

– Historia de la medicina: Medicina moderna y contemporánea. Barcelona: Ed. Científico-Médica, 1954.

– Las cuerdas de la lira: Reflexiones sobre la diversidad de España. Madrid: Tiempo Nuevo, 1955.

El comentario de un texto científico. Madrid: Orbe, 1955.

– Mysterium doloris: Hacia una teología cristiana de la enfermedad. Madrid: Universidad Internacional Menéndez y Pelayo, 1955.

– Sobre la situación espiritual de la juventud universitaria. Madrid, 1955.

– El libro como fiesta. Madrid: Instituto de España, 1955.

– España como problema. 2 vols. Madrid: Aguilar, 1956.

– La espera y la esperanza: Historia y teoría del esperar humano. Madrid: Revista de Occidente, 1956.

La aventura de leer. Madrid: Espasa-Calpe, 1956.

– La curación por la palabra en la Antigüedad clásica. Madrid: Revista de Occidente, 1958.

– La empresa de ser hombre. Madrid: Taurus, 1958.

– Mis páginas preferidas. Madrid: Gredos, 1958.

– Gaspar Casal y la medicina de su tiempo. Oviedo: Diputación Provincial, 1959.

–  Ejercicios de comprensión. Madrid: Taurus, 1959.

Ocio y trabajo. Madrid: Revista de Occidente, 1960.

– Teoría y realidad del otro. 2 vols. Madrid: Revista de Occidente, 1961.

– Grandes médicos. Barcelona: Salvat, 1961.

– El cristianismo en el mundo. Madrid: Propaganda Popular Católica, 1961.

– (com A. Albarracín Teulón) Clásicos de la Medicina: Sydenham. Madrid: CSIC, 1961.

– Marañón y el enfermo. Madrid: Revista de Occidente, 1962.

– La amistad entre el médico y el enfermo en la medicina hipocrática. Madrid: Real Academia Nacional de Medicina, 1962.

Menéndez Pelayo y el mundo clásico. Madrid: Taurus, 1963.

– (com J. M. López Piñero) Panorama histórico de la ciencia moderna. Madrid: Guadarrama, 1963.

– La amistad entre el médico y el enfermo de la Edad Media. Madrid: Real Academia de la Historia, 1964.

La relación médico-enfermo: Historia y teoría. Madrid: Revista de Occidente, 1964.

– Miguel Ángel y el cuerpo humano. Madrid: Magisterio Español, 1964.

– Obras. Madrid: Ed. Plenitud, 1965.

– (com A. Albarracín Teulón) Nuestro Cajal. Madrid: Suc. de Rivadeneyra, 1967.

Cuando se espera. Madrid: Escelicer, 1967.

– Entre nosotros (comedia dramática). Madrid: Alianza, 1967.

Tras el amor y la risa. Barcelona: Delos-Aymáa, 1967.

El estado de enfermedad. Madrid: Moneda y Crédito, 1968.

– El problema de la Universidad. Reflexiones de urgencia. Madrid: Cuadernos para el Diálogo, 1968.

– Una y diversa España. Barcelona: EDHASA, 1968.

– Gregorio Marañón. Vida, obra y persona. Madrid: Espasa-Calpe, 1969.

El médico y el enfermo. Madrid: Guadarrama, 1969.

– La medicina hipocrática. Madrid: Revista de Occidente, 1970.

– Ciencia y vida. Madrid: Seminarios y Ediciones, 1970.

– A qué llamamos España. Madrid: Espasa-Calpe, 1971.

– (dir.) Historia Universal de la Medicina. 7 vols. Barcelona: Salvat, 1972-1975.

Sobre la amistad. Madrid: Revista de Occidente, 1972.

– La medicina actual. Madrid: Seminarios y Ediciones, 1973.

Antipsiquiatría y contracultura. Madrid: Fundamentos, 1975.

– Descargo de conciencia (1930-1960). Barcelona: Barral, 1976.

Tríptico sobre el ser de Europa. Madrid: Fundación F.V.S., 1976.

– «La Guerra Civil y las generaciones españolas», in Cambio generacional y sociedad. Madrid: Karpos, 1978, pp. 179-217.

– Historia de la medicina. Barcelona: Salvat, 1978.

Antropología de la esperanza. Madrid: Guadarrama, 1978.

– Más de cien españoles. Barcelona: Planeta, 1981.

– El diagnóstico médico. Historia y teoría. Barcelona: Salvat Editores, 1982.

– Antropología médica para clínicos. Barcelona: Salvat Editores, 1984.

Ciencia, técnica y medicina. Madrid: Alianza, 1986.

– Teatro del mundo. Madrid: Espasa-Calpe, 1986.

– En este país. Madrid: Tecnos, 1986.

– El cuerpo humano: Oriente y Grecia antigua. Madrid: Espasa-Calpe, 1987.

– Tres españoles: Cajal, Unamuno y Marañón. Barcelona: Círculo de Lectores, 1988.

– El cuerpo humano: Teoría actual. Madrid: Espasa-Calpe, 1989.

– Hacia la recta final: Revisión de una vida intelectual. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1990.

– Cuerpo y alma: Estructura dinámica del cuerpo humano. Madrid: Espasa- Calpe, 1991.

– Tan sólo hombres: Cuatro dramas. Madrid: Espasa-Calpe, 1991.

– Esperanza en tiempo de crisis. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1993.

– Creer, esperar, amar. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1993.

– Alma, cuerpo, persona. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1995.

Teatro y vida: Doce calas teatrales en la vida del siglo XX. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1995.

– Ser y conducta del hombre. Madrid: Espasa-Calpe, 1996.

Idea del hombre. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1996.

– El problema de ser cristiano. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 1997.

Españoles de tres generaciones. Madrid: Real Academia de la Historia, 1998.

– Qué es el hombre: Evolución y sentido de la vida. Oviedo: Ediciones Nobel, 1999.

– La empresa de envejecer. Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 2001.

Bibliografia passiva

ALBARRACÍN TEULÓN, Agustín – Pedro Laín, historia de una utopía. Madrid: Espasa Calpe, 1994.

Arbor. Ciencia, pensamiento y cultura, 562-563 (Filosofía y ciencia en la obra de Pedro Laín Entralgo) (1992).

AYALA, Jorge M. – “El monismo “integrable” de Xavier Zubiri y Pedro Laín Entralgo”, The Xavier Zubiri Review, 1 (1998) 49-56.

CAMPO URBANO, Salustiano del (coor.) – Pedro Laín Entralgo en su centenario. Madrid: Ed. Instituto de España, 2008.

CONILL SANCHO, Jesús – “Cuerpo y mente en la última filosofía de Laín Entralgo”, Thémata. Revista de Filosofía, 46 (2012) 13-24.

̶            “Laín Entralgo y Zubiri. De la analítica de la existencia a una concepción estructurista-dinamicista del cuerpo humano”, Pensamiento, 221 (1997) 177-192.

Cuadernos Hispanoamericanos (Homenaje a Pedro Laín Entralgo), 446-447 (1987).

GRACIA GILLÉN, Diego – “Conversación con Pedro Laín Entralgo”, Cuadernos Hispanoamericanos, 36 (1983) 11-32.

 ̶̶  Voluntad de comprensión. La aventura intelectual de Pedro Laín Entralgo. Madrid: Ed. Triacastella, 2010.

 ̶  (ed.) Ciencia y Vida, Homenaje a Pedro Laín Entralgo. Bilbao: Ed. Fundación BBVA, 2003.

 ̶  (dir.) La empresa de vivir: estudios sobre la vida y la obra de Pedro Laín Entralgo. Barcelona: Nueva Galaxia Gutenberg, 2003.

LORENZO-CÁCERES, José Arturo de – “Yo soy mi cuerpo (En la obra de Laín Entralgo)”, Anales del Seminario de Historia de la Filosofía, 14 (1997) 225-230.

MONTIEL, Luis – “Tiempo e historia en la obra de Pedro Laín”, Arbor. 562-563 (1992) 235-243.

ORRINGER, Nelson R. – La aventura de curar: la antropología médica de Pedro Laín Entralgo. Barcelona: Círculo de Lectores, 1997.

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REDONDO MARTÍNEZ, César – Origen, constitución y destino del hombre según Pedro Laín Entralgo. Presentación y valoración. Toledo: Ed. Instituto Teológico San Ildefonso, 2004.

ROGER GARZÓN, Francisco – El concepto de persona y amistad en Pedro Laín Entralgo. Su formación en Valencia. Valencia: Institució Alfons el Magnànim, 2011.

La aventura de escribir. Pedro Laín Entralgo y las generaciones españolas. Valencia: [s.n.], 2018.

Las generaciones españolas vistas por Pedro Laín Entralgo. Valencia: [s.n.], 2018.

SOLER PUIGORIOL, Pedro – El hombre, ser indigente: el pensamiento antropológico de Pedro Laín Entralgo. Madrid, Guadarrama, 1966.

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