JOAQUÍN XIRAU [PALAU]

(1895-1946)

Autoria: Margarida I. Almeida Amoedo

Horizonte geracional

GERAÇÃO “DEL 27”

País

Espanha

Data e local de nascimento

Figueras (Girona), 3 de Junho de 1895

Formação e acção

Depois de ter realizado os seus estudos secundários, Joaquín Xirau entrou na Universidade de Barcelona, em 1912, onde concluiria, cinco anos depois, duas licenciaturas, a saber, em Filosofia e Letras, e em Direito. Deixou, então, a Catalunha para prosseguir estudos em Madrid. É aqui que contacta com a Institución Libre de Enseñanza, cujos princípios terão na sua formação uma enorme importância, e é ainda na capital que, juntamente com José Gaos e Zubiri, terá por mestres Ortega y Gasset e García Morente, marcantes do seu encontro com o neokantismo, a fenomenologia e a pedagogia, segundo orientações doutrinais entretanto consolidadas ao longo do seu percurso profissional.

Em 1921, concorreu e obteve um lugar no Instituto de Enseñanza Media de Lugo, ao mesmo tempo que preparava os seus Doutoramentos em Filosofia e em Direito. O primeiro foi concluído com a tese “Leibniz: las condiciones de la verdad eterna”. Dois anos depois, em 1923, doutorou-se em Direito, com a tese “Rousseau y las ideas políticas modernas”. Depois, aprofundou os seus estudos em Paris e, antes de, em 1928, ser colocado em Barcelona como professor universitário, obteve a cátedra de Lógica na Universidade de Salamanca, em 1927, e, no ano seguinte, um lugar na Universidade de Zaragoza.

Também foi professor convidado na Universidade de Cambridge, em 1929. Contudo, a sua carreira docente e científica será desenvolvida na capital da Catalunha, até 1939, ano em que iniciou o seu exílio, partindo para França, primeiramente, e depois para o México, onde se tornou próximo de Alfonso Reyes, responsável pela reunião de vários intelectuais espanhóis, como por exemplo Bergamín, José Gaos e García Bacca,  no que viria a chamar-se  El Colegio de México.

Actividade desenvolvida

Em Barcelona, J. Xirau destacou-se como professor e, igualmente, pelo desempenho de diversas funções de gestão, dentro e fora da Universidade: pertenceu ao Patronat Escolar del Ayuntamiento de Catalunya; foi membro activo da Unió Socialista de Catalunya; foi decano da sua Faculdade; fundou a Revista de Psicologia i Pedagogia e o Seminario de Pedagogía; e teve uma colaboração decisiva na reforma universitária que, durante a II República Espanhola, permitiu a autonomia da Universidade de Barcelona.

Tendo sido membro do Conselho Internacional dos Congressos de Filosofia, Xirau participou nos que se realizaram em Moscovo, Viena e Veneza, e, já em 1937, participaria, em Paris, no Congresso Internacional dedicado a Descartes. Ele mesmo organizou várias conferências em Barcelona com professores estrangeiros convidados. Como exilado no México e professor de Filosofia (na Universidad Nacional Autónoma de México e no Liceo Franco-Mejicano), foi ele muitas vezes o conferencista, qualidade em que também viajou várias vezes a Cuba, antes de um acidente por atropelamento o vitimar mortalmente.

Data e local de falecimento

10 de Abril de 1946 (50 anos), Cidade do México

Lema e linha filosófica

Dada a sua aprendizagem, por um lado, do ideário pedagógico da Institución Libre de Enseñanza (sobretudo através de Manuel B. Cossío) e, por outro, dos ensinamentos filosóficos de Ortega y Gasset e de García Morente, J. Xirau chega a uma fenomenologia do amor e a uma axiologia em que tem força de lema o imperativo de amar tudo e procurar em tudo o valor.

Linha filosófica e caracterização geral da obra

A obra de J. Xirau dá conta de um pensamento de carácter filosófico-pedagógico, elaborado e transmitido, tanto nas actividades de ensino, como na publicação em revistas científicas (desde, pelo menos, 1919), na tradução de obras filosóficas (a partir do francês, do inglês e do alemão) e na edição de livros, como, por exemplo:

  • El sentido de la verdad (Barcelona: Editorial Cervantes, 1927);
  • Descartes y el idealismo subjetivista moderno (Barcelona: Ed. Universidad, 1927);
  • La teoría de los valores en relación con la Ética y el Derecho (Madrid: Huelves, 1929);
  • L’amor i la precepció dels valors (Barcelona: Ed. Universidad, 1936);e, na sua etapa mais madura, após partir para o México:
  • Amor y mundo (México: Fondo de Cultura Económica, 1940);
  • La filosofia de Husserl. Una introducción a la fenomenología (Buenos Aires: Editorial Losada, 1941);
  • Lo fugaz y lo eterno (México: CEF de la Universidad Nacional de México, 1941);
  • Vida, pensamiento y obra de Bergson (México: Edit. Leyenda, 1943);
  • El pensamiento vivo de Luis Vives (Buenos Aires: Editorial Losada, 1944);
  • Manuel B. Cossío y la educación en España (México: Fondo de Cultura Económica, 1945);
  • Vida y obra de Ramón Llull. Filosofía y mística (México: Editorial Orión, 1946).

Como os títulos exemplificados indiciam, Xirau publicou monografias sobre as obras de filósofos que lhe suscitaram especial interesse, mas também sobre temas e problemas filosóficos a que dedicou a sua meditação mais original, demarcada, quer das tendências positivistas e cientificistas da sua época, quer do ontologismo clássico.

Revelando, acima de tudo, uma atitude profundamente cristã, o autor de Amor y mundo  não se conforma com o exclusivismo, nem do idealismo, nem do realismo, e considera a realidade concreta como o resultado da relação entre sujeito e objecto, ao mesmo tempo que compreende o amor como a via de acesso ao Ser e ao Valor que, numa leitura dinâmica e relacional da realidade, são, afinal, inseparáveis.

Em termos pedagógicos, a perspectiva da educação como, ela própria, uma obra do amor assenta numa filosofia em que as doutrinas antropológica, axiologia e ética de J. Xirau se cruzam e o levam a destacar a aprendizagem da valoração do bem e a formação da vontade, tendo em vista a reforma social e o triunfo da liberdade numa ordo amoris.

Bibliografia activa

Obras completas. 3 Tomos (4 vols.). Edición de Ramón Xirau; prólogo de Antoni Mora. Rubí (Barcelona): Anthropos/Madrid: Fundación Caja Madrid, 1998-2000. (Tomo I: Escritos fundamentales; Tomo II: Escritos sobre educación y el humanismo hispánico; Tomo III (2 vols.):  Escritos sobre historia de la Filosofía.)

Bibliografia passiva

ABELLÁN, J. L. – «Joaquín Xirau: El sentido ontológico del amor», in Filosofía española en América (1936-1966). Madrid: Guadarrama, 1967, pp. 39-55.

GOTSENS, J.; VIALANOU, C. – Joaquim Xirau i Palau: en el centenari del fundador de la Facultad de Pedagogía (1895-1946). Barcelona: Universidad de Barcelona, 1995.

GUY, Alain – «La philosophie de l’ amour selon Joaquín Xirau», in Mélanges à la memoire de Jean Sarrailh. Paris: Centre de Recherches de l’ Institut d’Études Hispaniques, 1966, pp. 425-436.

GUY, Reine – Axiologie et métaphysique selon Joaquim Xirau. Le personnalisme contemporain de l’École de Barcelone. Toulouse le-Mirail: Association des Publications de l’Université, 1976.

LARROYO, Francisco – El romanticismo filosófico. Observaciones a la ‘Weltanschauung’ de Joaquín Xirau. México: Editorial Logos, 1941.

SÁNCHEZ CARAZO, J. I. – Joaquim Xirau (1895-1946). Madrid: Ediciones del Orto, 1997.

SÁNCHEZ CUERVO, A. – «La senda clara de Joaquín Xirau», in Aurelia Valero Pie (ed.) – Los empeños de una casa. Actores y redes en los inicios de El Colegio de México, 1940-1950. México: El Colegio de México, 2015, pp. 233-250.

SIGUÁN, M. – Centenari Joaquim Xirau (1895-1995). Barcelona: Generalitat de Catalunya, 1995.

TERRICABRAS NOGUERAS, J. M. (ed.) – El pensament de Joaquim Xirau. Girona: Publicacions de la Cátedra Ferrater Mora, 2007.

VILANOU, C.; BILBENY, N. et al. (coord.) – Joaquim Xirau, filòsof y pédagog. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1996.