ESPERANZA GUISÁN

(23/04/1940–27/11/2015)

Autoria: Teresa Lousa

Horizonte geracional

GERAÇÃO DE 60

País

Espanha

Data e local de nascimento

La Coruña, 23 de Abril de 1940

Formação e acção

A pedido de seu pai, frequentou a Escuela de Altos Estudios Mercantiles, e ao terminar aí os seus estudos começou a trabalhar como administrativa numa fábrica de tecidos. Não sentindo qualquer vocação empresarial, manteve sempre interesse pelas áreas literárias e filosóficas. Em 1965 após ter passado algum tempo em Londres, foi contratada como professora de inglês num colégio em Santiago de Compostela. Nesta cidade começa a assistir a aulas na Faculdade de Filosofia e Letras, e em 1967 ganha uma bolsa de estudos e tira o curso de Filosofia em Valencia, onde cedo começa a desenvolver a sua vocação para a ética. Em 1976 entra como Professora Agregada de Ética na Universidade de Santiago de Compostela, onde (em 1987) obterá o grau de Catedrática de Filosofía Moral y Política.

Actividade desenvolvida

Foi em Espanha a pessoa que mais se dedicou à difusão do Utilitarismo, sobretudo na senda de John Stuart Mill, que se tornou o seu filósofo de eleição.
Traduziu e fez prólogos de vários livros à luz da ética utilitarista, os quais foram responsáveis por introduzir esta problemática filosófica em Espanha.
Fundou a revista Telos, destinada aos estudos utilitaristas e que é hoje uma das publicações espanholas mais respeitadas no campo da filosofia.
Foi cofundadora da Sociedad Iberoamericana de Estudios Utilitaristas em Santiago de Compostela.
Os seus estudos na ética utilitarista levaram-na a tomar uma posição viva e atenta na democracia contemporânea: Defensora de uma ética laica, num país de fortíssima tradição católica, defendeu e lutou activamente contra vários governos pela retirada da religião católica nos currículos escolares. Por sua vez defendia com entusiasmo a Educação para a Cidadania.

Data e local de falecimento

27 de Novembro de 2015, Santiago de Compostela

Lema e linha filosófica

Os estudos da Ética foram o seu campo de eleição, nomeadamente o Utilitarismo, corrente da qual foi a maior promotora em Espanha, e que acreditava ser o caminho para a justiça social e verdadeira felicidade.
Defende uma ética de liberdade, solidariedade, e a educação laica e para a cidadania.

Linha filosófica e caracterização geral da obra

Esperanza Guisán vê no conflito a justificação para a necessidade da existência de ética: sem conflito não há ética. A moralidade é necessária porque há muito por resolver nas relações sociais entre seres humanos. Na óptica da promoção de justiça e igualdade, da autonomia, da inclusão e da autorrealização, a Ética tem de ser libertadora: precisa ser revista de modo dinâmico e crítico face às questões prementes da sociedade actual.

Para Guisán, a ética é um movimento de alteridade e não um solipsismo. Assim pode-se falar de um hedonismo ético como um projecto social, e não individualista, que faz parte da própria natureza humana que procura uma felicidade assente numa acepção comunitária. Apologista de um humanismo imanentista, defendia que a felicidade individual e a alegria de viver se baseavam sobretudo na buscar de justiça e felicidade para todos.

Esperanza defende a existência de uma razão-apaixonada, termo aparentemente paradoxal, que na sua filosofia adquire uma conotação vital para a possibilidade de um equilíbrio ético que nos permita compreender, sentir, empatizar, compadecer com o outro.

Como já foi referido Esperanza adere à ética utilitarista de Stuart Mill, sendo a maior promotora da sua filosofia em contexto ibérico. Em 1990 em Santiago de Compustela é criada a Sociedade Ibero Americana de Estudos Utilitaristas, da qual Esperanza Guisán é presidente executiva.

Na sua óptica e adesão à filosofia de Mill, defende que o utilitarismo não é individualista, pelo contrário, lembra como este filósofo lutou muito contra o analfabetismo e para melhorar efectivamente a vida das pessoas. Pensava que a educação poderia contribuir para a mudança social profunda. Infelizmente constata Esperanza, apesar de nos dias de hoje haver uma democratização e mais fácil acesso à instrução, não se educa para a solidariedade e a sociedade permanece fraturada.

A autora defende que há no humano um hedonismo natural, que se manifesta na busca da felicidade e esta não existe sem autonomia e sem solidariedade. Assim para Esperança a busca por uma vida boa é de cariz utilitarista, pois fundamenta-se numa necessidade de garantir a maior felicidade possível para todos. Com forte influência da ética de Aristóteles e de J. Stuart Mill, Esperanza defende uma ética da empatia alicerçada na alteridade e na experiência de comunidade.
Esplendor y miseria de la ética kantiana, Los presupuestos de la falacia naturalista. Una revisión crítica,”Razón y pasión en ética. Los dilemas de la ética contemporánea, Ética sin religión. Materiales para una nueva ética, Introducción a la ética y Manifiesto hedonista são as suas principais obras que expressam uma consistente posição filosófica virada para uma experiência da ética contemporânea, democrática, laica e político-comunitária.

Bibliografia activa

¿Qué es filosofía moral? Facultad de Filosofía de Santiago de Compostela, 1977
Introducción a la ética. Cátedra, Madrid, 1995.

Ética sin religión. Materiales para una nueva ética. Alianza, Madrid, 1993.

Los presupuestos de la falacia naturalista. Una revisión crítica, Universidad de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela 1981.

Cómo ser un buen empirista en ética, Universidad de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela 1985.

Razón y pasión en ética. Los dilemas de la ética contemporánea, Anthropos, Barcelona 1986, 1993.

De la justicia a la felicidad. Apuntes para una «reformulación de la ética neoutilitarista» (1989), en «Anthropos», 96 (1989) 27-36.

Manifiesto hedonista, Anthropos, Barcelona 1990.

Ética sin religión. Materiales para una nueva ética, Santiago de Compostela 1983; Alianza, Madrid 1993.

“El sentimiento moral”, en A. Cortina (ed.), Diez conceptos clave e la ética, Verbo Divino, Navarra 1994.

Introducción a la ética, Cátedra, Madrid 1995.

Bibliografia passiva

Briceño, Edgar Roy Ramírez, Apuntes éticos: Esperanza Guisán y un utilitarismo cordial e ilustrado. Rev. Filosofía Univ. Costa Rica, LIII (135), 119-128, Enero-Abril 2014]

AA. VV. “Homeje Internacional a Esperanza Guisán”, Télos, Revista Iberoamericana de Estudios Utilitaristas, Vol. 17, Num. 2 (2010), Vol 1

PINO, Concha, Esperanza guisán: «el problema de esta sociedad es que la gente no sabe qué es la felicidad» La Voz de Galicia, Periódico online, https://www.lavozdegalicia.es/noticia/cultura/2010/10/06/esperanza-guisan-problema-sociedad-gente-sabe-felicidad/0003_8766894.htm, consultado em 13 de Julho de 2020