JOSÉ FERRATER MORA

(1912-1991)

Autoria: Margarida I. Almeida Amoedo

Horizonte geracional

GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA CIVIL

País

Espanha

Data e local de nascimento

Barcelona, 30 de Outubro de 1912

Formação e acção

Ferrater Mora frequentou o Colégio de Santa María del Collell e, tendo alternado o estudo com vários trabalhos, concluiu o ensino secundário em 1932, após o que entrou na Universidade de Barcelona. Terminou a Licenciatura na Facultad de Filosofía y Letras em 1936 e poucas semanas depois começou a guerra civil, durante a qual esteve alistado no exército republicano. Por isso, em 1939 partiu, primeiro para França e, poucos meses mais tarde, para La Habana (Cuba), onde seria importante o seu contacto com María Zambrano. Aí se casou (em primeiras núpcias) com Renée Rosalie Petitsigné, de quem se separaria trinta anos depois. De 1941 a 1947 viveu em Santiago do Chile, em cuja Universidade foi professor contratado de Filosofia. Tendo recebido uma bolsa da Fundación Guggenheim foi para os EUA e aí viria a residir, a partir de 1947.Em 1951 entrou no Bryn Mawr College (escola superior feminina, na Pennsylvania), começando como professor de espanhol e adjunto de Filosofia e passando, a partir de 1955, a professor da “cátedra” que manterá até se aposentar em 1981. Entretanto, casou-se (em segundas núpcias) com Priscilla Cohn, que acabaria por vir a difundir bastante a obra de Ferrater Mora.O filósofo catalão foi ainda professor visitante e doutor “honoris causa”, em várias universidades americanas e europeias, e obteve muitos prémios e distinções, tanto postumamente, como em vida, como por exemplo, em 1985, o Prémio Príncipe de Asturias.

Actividade desenvolvida

Na actividade madura desenvolvida por José Ferrater Mora, destacam-se o ensino, a tradução e a escrita, de que resultaram publicações diversas, nomeadamente artigos, livros e ensaios filosóficos, para além de romances e filmes, embora a sua obra de maior projecção tenha sido o largamente conhecido e sucessivamente revisto e reeditado Diccionario de Filosofía, cuja primeira edição saiu no México (Editorial Alante), em 1941.

Data e local de falecimento

30 de Janeiro de 1991 (78 anos), Barcelona.

Lema e linha filosófica

Apesar do amplo leque de interesses de Ferrater Mora, a linha filosófica que parece sobressair no conjunto da sua obra foi a que ele próprio designou como “integracionismo”. Consiste na afirmação de que, para ultrapassar as insuficiências das doutrinas filosóficas extremas, importa admitir que as “realidades efectivas” obrigam a passar de um pólo ao outro das concepções que se opõem e se exprimem por “termos-limite”. Por seu turno, os conceitos que correspondem aos “termos-límite” e apenas remetem para realidades supostamente transcendentes são insuficientes para encontrar a verdade do real, só vislumbrável se se encontrar um ponto de equilíbrio que, não sendo um terceiro termo que exclua as posições contrapostas, permita aceder ao pano de fundo a partir do qual cada uma destas toca parcialmente a verdade.

Linha filosófica e caracterização geral da obra

A extensa obra filosófica de J. Ferrater Mora é produto não apenas do seu intuito “integracionista”, mas, em geral, da sua consideração de que o que vitalmente importa é, não tanto o passado, mas o futuro, ter projectos ou, como disse numa entrevista a Isabel Hernando (Época, 40 (1985) 16-22), ter “algo que hacer”. O seu conhecimento alargado de tendências filosóficas, por um lado, e a abertura a diversas posições, por outro, permitiram-lhe tratar temas relativos ao ser humano e à sua história, ao conhecimento e à linguagem, e discutir problemas ontológicos, epistemológicos, de Filosofia da História e de Filosofia da Ciência.O Autor, que foi discípulo de Joaquín Xirau, em Barcelona, e inicialmente influenciado por José Ortega y Gasset, publicou, antes mesmo de se licenciar, o livro Coctel de verdad (1935) e uma tradução do alemão para a Editorial Labor (Wilhelm Flitner – Pedagogía sistemática. Barcelona: Labor, 1935). Nos anos 40, em que prosseguiu algum trabalho como tradutor e após a primeira edição do já referido Diccionario de Filosofía, a produção de Ferrater Mora começa a ser copiosa e dedicada, quer à cultura catalã e espanhola, quer a problemas humanos, como o da morte e da angústia da existência. Se em obras como, por exemplo, Unamuno: Bosquejo de una filosofía (Buenos Aires: Losada, 1944) ou Ortega y Gasset: An outline of his philosophy (London: Bowes & Bowes, 1956) Ferrater Mora tem em conta teses fundamentais de dois dos mais influentes pensadores espanhóis contemporâneos, em El sentido de la muerte (Buenos Aires: Sudamericana, 1947), El hombre en la encrucijada (Buenos Aires: Sudamericana, 1952), Cuestiones disputadas: ensayos de filosofía (Madrid: Revista de Occidente, 1955), El ser y la muerte. Bosquejo de filosofia integracionista (Madrid: Aguilar, 1962) ou El ser y el sentido (Madrid: Revista de Occidente, 1967), o Autor revela o seu esforço por percorrer caminhos de pensamento próprio.É também assinalável a sensibilidade que desde cedo revelou relativamente à importância, para a investigação filosófica, da actividade científica, nos seus métodos e nos seus conhecimentos e isso demonstram livros como Lógica matemática (juntamente com Hugues Leblanc, México: Fondo de Cultura Económica, 1955), Qué es la lógica (Buenos Aires: Editorial Columba, 1957), Indagaciones sobre el lenguaje (Madrid: Alianza Editorial, 1970) ou Cambio de marcha en filosofía (Madrid: Alianza Editorial, 1974).Para além do mais, em centenas de artigos e capítulos, bem como em dezenas de recensões críticas, Ferrater Mora deu igualmente provas da abrangência das suas leituras e da pluralidade dos seus interesses investigativos.

Bibliografia activa

FERRATER MORA – Coctel de verdad. Madrid: Ediciones Literatura, 1935

– Diccionario de Filosofía. México: Atlante, 1941.

– España y Europa. Santiago de Chile: Cruz del Sur, 1942.

– Les formes de la vida catalana. Santiago de Chile: Agrupació Patriòtica Catalana, 1944.

– Unamuno, bosquejo de una filosofía. Buenos Aires: Losada, 1944.

– Variaciones sobre el espíritu. Buenos Aires: Sudamericana, 1945.

– Cuatro visiones de la Historia Universal: San Agustín, Vico, Voltaire, Hegel. Buenos Aires: Losada, 1945.

– La ironía, la muerte y la admiración. Santiago de Chile: Cruz del Sur, 1946.

– El sentido de la muerte. Buenos Aires: Sudamericana, 1947.

– El llibre del sentit. Santiago de Chile: Imp. Mediterránea, 1948.

– El hombre en la encrucijada. Buenos Aires: Sudamericana,1952.

– Cuestiones disputadas: ensayos de filosofía. Madrid: Revista de Occidente, 1955.

– Ortega y Gasset: An outline of his philosophy. London: Bowes & Bowes, 1956.

– La filosofía en el mundo de hoy. Madrid: Revista de Occidente, 1959.

– Una mica de tot. Palma de Mallorca, Palma de Mallorca: Moll, 1961.

– El ser y la muerte: bosquejo de filosofía integracionista,Madrid: Aguilar, 1962.

– La filosofía en el món d’avui. Barcelona: Edicions 62, 1965.

– El ser y el sentido. Madrid: Revista de Occidente, 1967.

– Obras selectas. 2 vol., Madrid: Ediciones de la Revista de Occidente, 1967.

– Indagaciones sobre el lenguaje. Madrid: Alianza, 1970.

– Els mots i els homes. Barcelona: Edicions 62, 1970.

– El hombre y su medio y otros ensayos. Madrid: Siglo XXI, 1971.

– Cambio de marcha en filosofía. Madrid: Alianza Editorial, 1974.

– De la materia a la razón. Madrid: Alianza, 1979.

– Claudia, mi Claudia. Madrid: Alianza, 1982.

– Modos de hacer filosofía. Barcelona: Crítica, 1985.

– Voltaire en Nueva York. Madrid: Alianza, 1985.

– El juego de la verdad. Barcelona: Destino, 1988.

– Joc de cartes. Epistolari 1948-1984. Barcelona: Edicions 62,1988.

– Regreso del infierno. Barcelona. Destino, 1989.

– La señorita Goldie. Barcelona: Seix Barral, 1991.

– Mujeres al borde de la leyenda. Madrid: Círculo delectores, 1991.

– Mariposas y supercuerdas. Diccionario para nuestro tiempo.Barcelona: Península, 1994 (póstumo).

Bibliografia passiva

CARPINTERO, Helio – Cinco aventuras españolas: Ayala, Laín, Aranguren, Ferrater, Marías. Madrid: Revista de Occidente, 1967, pp. 150-190.

CÁTEDRA FERRATER MORA DE PENSAMENT CONTEMPORANI – J. Ferrater Mora. In memoriam. Girona: Estudi General de Girona (UAB), 1991.

COHN, Priscilla (ed.) – Transparencies: philosophical essays in honor of J. Ferrater Mora. New York: Humanities Press, 1981.

“Entrevista a José Ferrater Mora”, Teorema, 7 (1972) 97-108.

GINER, Salvador, “Josep Ferrater Mora: una entrevista”, Enrahonar. Quaderns de Filosofia, 10 (1984) 173-182.

GINER, Salvador; GUISÁN, Esperanza (eds.) – José Ferrater Mora: el hombre y su obra. Santiago de Compostela: Universidad de Santiago de Compostela, 1994.

GRACIA, Jordi Gracia – “El compromís d’un pensador o la vocació de Ferrater Mora”, Via. Valors, Idees, Actituds: revista del centre d’estudis Jordi Pujol, 19 (2012) 52-68.

MORA, Antoni – Gent nostra: Ferrater Mora. Barcelona: Edicions de Nou Art Thor, 1989.

MUGUERZA, Javier – “J. Ferrater Mora: de la materia a la razón pasando por la ética», Revista Latinoamericana de Filosofía, 15 (2) (1989) 219-238.

NIETO BLANCO, Carlos – La filosofía en la encrucijada. Perfiles del pensamiento de José Ferrater Mora. Barcelona: Universitat Autònoma de Barcelona, 1985.

– “El mundo desde dentro: una aproximación al discurso ontológico de Ferrater Mora”, Revista de Hispanismo Filosófico, 10 (2005) 59-72.

– «Cultura y política en el pensamiento de José Ferrater Mora», inPensamiento exiliado español. El legado filosófico del 39 y su dimensión iberoamericana. Coords.: Antolín Sánchez Cuervo; Fernando Hermida de Blas. Madrid: Biblioteca Nueva/CSIC, 2010, pp. 126-163.

SÁNCHEZ CÁMARA, Ignacio – “El integracionismo de Ferrater Mora y su impronta orteguiana”, Revista de Occidente, 120 (1991) 127-142.

TERRICABRAS, Josep-Maria – “José Ferrater Mora. An integrationist philosopher”, Man and World. An International Philosophical Review, 26 (2) (1993) 209-218.

TERRICABRAS, Josep-Maria (coord.) – La filosofia de Ferrater Mora. Girona: Documenta Universitària, 2007.

RONZÓN, Elena et al., “Entrevista a José Ferrater Mora”, El Basilisco, 12 (1981) 52-58.