(1947- )
Autoria: Teresa Lousa
Horizonte geracional
GERAÇÃO DE 60
País
Espanha
Data e local de nascimento
Valência, 1947
Formação e acção
Tirou o curso de Filosofia na Faculdade de Filosofía y Letras da Universidad de Valencia. Em 1979, defendeu a tese de Doutoramento “Dios en la filosofía trascendental kantiana”. Foi professora de liceu uns anos até receber uma bolsa de investigação que lhe permitiu frequentar a Universidade de Munique e de Frankfurt, onde contactou e foi influenciada pelo pensamento de Jürgen Habermas e Karl-Otto Apel. Integrou a actividade académica em Espanha na Universidade de Valência, onde é professora catedrática de Filosofia Jurídica Moral e Política, cargo que manteve até 2017.
Actividade desenvolvida
É membro da Comissão Nacional de Reprodução Humana Assistida e Vogal do Comité Assessor de Ética de la Investigação Científica e Tecnológica. Foi a primeira mulher membro da Real Academia de Ciencias Morales y Políticas. É directora do Mestrado e Doutoramento em Ética e Democracia, e da Fundação Étnor. É doctora honoris causa por doze universidades nacionais e internacionais, e fez parte do Júri de Prémios Príncipe y Princesa de Asturias de Comunicación y Humanidades y de Ciencias Sociales. Recebeu o Prémio Internacional de Ensayo Jovellanos em 2007 e o Prémio Nacional de Ensayo em 2014. Adela Cortina recebeu ainda um louvor na modalidade de Ensayo y Crítica de los Premios de la Crítica Literaria em Valenciana, 2018.
Lema e linha filosófica
Para Adela Cortina, a filosofia é uma actividade dedicada à vida quotidiana e ao funcionamento das instituições e por isso a Ética se tornou o seu campo de acção desde muito cedo. Entendida enquanto ética cívica, esta tem implicações a todos os níveis: político, social, económico e reflecte preocupações de índole prática e actual nomeadamente problemas decorrentes da vida em democracia, das desigualdades económico-sociais e da globalização.
Linha filosófica e caracterização geral da obra
Adela Cortina defende que a ética é um tipo de saber que orienta a ação, na qualidade de um tipo de saber prático mas que inequivocamente se trata de um saber para agir de modo racional. O saber ético assenta em dois pilares: aprender a tomar decisões prudentes, e aprender a tomar decisões moralmente justas, com vista aos direitos humanos.
A necessidade de uma ética é para Adela congénita, já os seres humanos são estruturalmente morais e desejam naturalmente a felicidade. A dignidade é um exclusivo do humano que se funda na sua vocação para a liberdade de onde advém a autonomia.
Defensora de uma ética cívica, vê no ser humano uma universalidade, igualdade, potencialidade para a liberdade e autonomia e aptidão para o diálogo social.
As principais instâncias da sua ética cívica são a “ética de mínimos” ou seja uma ética de cidadãos e não de súbditos, que possam desenvolver a sua cidadania em valores “mínimos” que seriam a liberdade, igualdade e solidariedade.
Para Adela o respeito pelos direitos humanos são fundamentais e podem categorizar-se em 3 níveis: os direitos civis e políticos promotores da liberdade, os direitos económicos, sociais e culturais promotores da igualdade e o direito a viver em paz e com acesso à saúde e bem-estar como promotor de solidariedade.
Por fim a sua ética é acima de tudo de uma tolerância ativa e dinâmica, baseando-se num ethos dialógico com vista à inclusão e ao respeito pelas pluralidades.
Para Adela Cortina: “A compaixão é o motor do sentido de justiça, que procura e encontra argumentos para construir um mundo à altura do que merecem os humanos, é o vínculo compassivo que brota do mais profundo do coração.”[1]
Na década de 1990 desenvolve o conceito de aporofobia para se refereir ao ódio e exclusão perante os pobres tal como são encarados na sociedade actual e como tal situação é incompatível com a democracia, pois esta implica e exige o direito à inclusão. Adela explica que toda a relação humana está fundada na lógica contratualista da reciprocidade, e nesse sentido não teríamos nada a lucrar com os pobres. Tal sentimento gera uma natural rejeição e desconfiança. Na óptica de uma ética cívica não esquecer a realidade que nos rodeia, nem tornar invisíveis os que nos causam desconforto. Emigrantes, refugiados, minorias, todos os que estejam associados à pobreza tornam-se sombras da “civilização” e da sociedade democrática que supostamente se orientaria por valores como o da igualdade de oportunidades e da inclusão, o que gera naturalmente paradoxos inquestionáveis e tornam as reflexões de Adela muitíssimo relevantes e pertinentes nas problemáticas actuais que vivemos.
Bibliografia activa
Dios en la filosofia transcendental de Kant, Universidad Pontificia de Salamanca, 1981.
Razón comunicativa y responsabilidad solidaria: ética y política en K-O. Apel, Ediciones Sígueme, 1985.
Crítica y utopia: La Escuela de Francfort, Editorial Cincel, 1985. Ética mínima: introducción a la filosofia práctica, Madrid, Tecnos, 1986.
Ética sin moral, Madrid, Tecnos, 1990.
La moral del camaleón: ética política para nuestro fin de siglo, Espasa Calpe, 1991.
Ética aplicada y Democracia radical, Madrid, Tecnos, 1993.
Ética de la empresa: claves para una nueva cultura empresarial, Madrid, Trotta, 1994.
Diez palabras clave en ética, (ed.), VD, Pamplona, 1994.
Ética civil y religión, Madrid, PPC, 1995.
El quehacer ético: guia para la educación moral, Santillana, 1996.
Ciudadanos del mundo: hacia una teoría de la ciudadania, Madrid, Alianza Editorial, 1997.
Ética y empresa. Una visión multidisciplinar, (direção), Madrid, Fundación Argentaria/Visor, 1997.
Diez palabras clave en Filosofía política, (direção), Estella, Verbo Divino, 1998.
Democracia participativa y sociedad civil. Una ética empresarial, Santafé de Bogotá, Fundación Social/Siglo del Hombre editores, 1998.
El mundo de los valores. Ética mínima y educación, Santafé de Bogotá, El Búho, 1998.
Hasta un pueblo de demónios: ética pública y sociedad, Madrid, Taurus, 1998.
La educación en los valores, (coordenação), Madrid, Fundación Argentaria / Biblioteca Nueva, 2000.
Diez palabras clave en ética de las profesiones, (direção juntamente com J. Conill), Estella, Verbo Divino, 2000.
Alianza y contrato: política, ética y religión, Madrid, Trotta, 2001.
Educación en valores y responsabilidad cívica, Santafé de Bogotá, El Búho, 2002.
Por una ética del consumo: la ciudadania del consumidor en un mundo global, Madrid, Taurus, 2002.
Construir confianza. Ética de la empresa en la sociedad de la información y de las comunicaciones, Madrid, Trotta, 2003.
Razón pública y éticas aplicadas. Los caminos de la razón práctica en una sociedad pluralista, (editora com D. García-Marzá), Madrid, Tecnos, 2003.
La misión de la Universidad: educar para la ciudadanía en el siglo XXI, Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, 2005.
Construir confianza. Ética da empresa na sociedade da informaçao e das comunicaçoes, Sao Paulo, Loyola, 2007.
Lo justo como núcleo de las ciencias morales y políticas. Una versión cordial de la ética del discurso, Real Academia de las Ciencias Morales y Políticas, Madrid, 2008.
Las fronteras de la persona. El valor de los animales, la dignidade de los humanos, Madrid, Madrid, Taurus, 2009.
Justicia Cordial, Madrid, Trotta, 2009. Pobreza y libertad. Erradicar la pobreza desde el enfoque de Amartya Sen, (editora com Gustavo Pereira), Tecnos, Madrid, 2009.
Las raíces éticas de la democracia, Publicaciones de la Universidad de Valencia, 2010.
Neuroética y Neuropolítica. Sugerencias para la educacion moral. Tecnos, Madrid, 2011.
Para qué sirve realmente la ética? Barcelona, Paidós, 2013
Aporofobia, el rechazo al pobre. Un desafío para la democracia. Barcelona: Paidós, 2017.
Bibliografia passiva
AA. VV. Ética y Filosofia Política: Homenaje a Adela Cortina, Editorial Tecnos, 2018
MOREIRA, Moisés Simões, O modelo de cidadania cosmopolita de Adela Cortina, e sua interface com as políticas sociais, Pelotas, Universidade Católica de Pelotas, 2009
PIRES, Maria do Céu dos Santos, Justiça e cuidado em Adela Cortina: contornos da ética num mundo global, Tese de Doutoramento, Universidade de Évora, 2013
PIRES, Maria do Céu, “Aporofobia”, in Brados do Alentejo, janeiro e fevereiro, 2010. VILARES, Ana Carina, “Da justiça como realização: um percurso com Amartya Sen e Adela Cortina”, Revista da Faculdade de Letras, série de Filosofia, 29, 2012
[1] Adela Cortina, Ética de la razón cordial. Educar en la ciudadania en el siglo XXI, Madrid, Ediciones Nobel, 2009. P. 190