MIGUEL DE UNAMUNO [Y JUGO]

(1864 – 1936)

Autoria: Margarida I. Almeida Amoedo

Horizonte geracional

GERAÇÃO “DEL 98”

País

Espanha

Data e local de nascimento

Bilbao, 29 de Setembro de 1864

Formação e acção

Após ter estudado em Madrid, onde concluiu a sua Licenciatura em Filosofía y Letras, em 1883, e onde obteve o seu grau de doctor com uma tese sobre a língua basca, intitulada “Crítica del problema sobre el origen y prehistoria de la raza vasca”, Unamuno regressa a Bilbao, onde passara toda a infância e fizera os primeiros estudos.

Em 1891, concorre e ganha a cátedra de Grego na Universidad de Salamanca, onde será, pela primeira de três vezes, nomeado Reitor, aos trinta e seis anos. Participante, desde a sua ida para Salamanca, na vida cultural da cidade, nem por isso quebrará o vínculo com a sua terra natal, onde chegou a integrar a Agrupación Socialista de Bilbao e a colaborar no semanário Lucha de clases. Mais tarde, tendo já abandonado o partido socialista, seria destituído do cargo de Reitor, em 1914, por motivos políticos, o que não o impediria doravante de reassumir o cargo e de voltar a passar pela experiência de destituição, em virtude da manifestação livre da sua posição perante as diversas situações da vida política nacional. Em 1924, publicou um artigo considerado injurioso para o Rei Alfonso XIII e foi deportado, para Fuerteventura, após o que esteve exilado em França, até 1930. Depois de proclamada a II República espanhola, viria a ser deputado, de 1931 a 1933, pela circunscrição de Salamanca. Tendo, entretanto, retomado a função de Reitor da Universidad de Salamanca, foi a desilusão com o governo republicano o que provocaria nova destituição, no ano em que estalou a Guerra Civil. Embora reconduzido pelos franquistas, também perante estes mostrou ser corajoso ao dizer “Vencereis, mas não convencereis”, tendo acabado os seus dias sob prisão domiciliária, no fatídico ano de 1936.

Actividade desenvolvida

Unamuno foi um dos mais importantes membros da geração “del 98”. O filólogo e escritor cultivou vários géneros literários, destacando-se como publicista, poeta e autor de contos e de nivolas graças às quais, juntamente com o recurso ao ensaio, exprimiu o seu pensamento filosófico, nalguma medida percursor do existencialismo em Espanha.

Data e local de falecimento

Salamanca, 31de Dezembro de 1936

Lema e linha filosófica

A dúvida sobre a morte e o desejo ardente de imortalidade marcam especialmente, tanto a vivência íntima de Miguel de Unamuno, quanto a sua tematização filosófica da vida do ser humano concreto.

Linha filosófica e caracterização geral da obra

Do ponto de vista filosófico, Unamuno foi igualmente um marco na história espanhola, por ter ultrapassado o racionalismo e o positivismo em que se tinha formado e elaborado um pensamento que dá lugar às crenças e mesmo à fé para exprimir a necessidade, dos seres humanos de carne e osso, de imortalidade. Um dos pensadores de quem se sentiu especialmente próximo foi Kierkegaard, ao ponto de ter estudado dinamarquês para poder ler as suas obras nos originais. Contudo, boa parte da sua reflexão radica na sua preocupação com Espanha e são os respectivos temas e problemas que, com originalidade, estão subjacentes em muitos dos textos unamunianos.

Da sua ampla obra, podem destacar-se En torno al casticismo (1895), Paz en la guerra (1895), Amor y pedagogogía (1902), Vida de Don Quijote y Sancho (1905), Poesías (1907), Recuerdos de niñez y mocedad (1908), Rosario de sonetos líricos (1911), Por tierras de Portugal y España (1911), Del sentimiento trágico de la vida en los hombres y en los pueblos (1913), El espejo de la muerte (1913), Niebla (1914), El Cristo de Velázquez (1920), La agonía del cristianismo (1925), Abel Sánchez: una historia de pasión (1917), Tres novelas ejemplares y un prólogo (1920), Andanzas y visiones españolas (1922), La tía Tula (1921), Rimas de dentro (1923), Teresa. Rimas de un poeta desconocido (1924), De Fuerteventura a París (1925), Cómo se hace una novela (1927), Romancero del destierro (1928), San Manuel Bueno, mártir (1931) e Don Sandalio, jugador de ajedrez (1933). Postumamente, também será publicado o seu Cancionero (1953) e o Diario íntimo (1970).

Independentemente do registo usado, a vida humana é sempre o tema central de Unamuno, que procura salvaguardá-la das peias da lógica e do conhecimento racional e abstracto. Interessa-lhe a existência de cada ser humano que sente fome de sobrevivência e, no quotidiano, enfrenta as contradições e as angústias próprias da experiência de crer. A autenticidade e a verdade têm por critério o afã e a agonia que caracterizam o viver humano concreto com as suas crenças e, acima de tudo, a sua ânsia de imortalidade. Se esta não puder ser justificada intelectualmente, mas, sim emocionalmente, então a razão e os dogmas têm de ceder primazia ao coração e à fé sofrida, aceitando as dúvidas, ansiedades e tensões como sinal da aspiração humana a uma vida plena.

Bibliografia activa

Obras completas. 9 Tomos, Ed. Manuel García Blanco. Madrid: Escelicer, 1966-1971.

Diario íntimo. Madrid: Alianza Editorial, 1970.

Bibliografia passiva

AAVV ‒ Actas del Congreso Internacional cincuentenario de Unamuno. Salamanca: Ediciones Universidad, 1989.

BENÍTEZ, Hernán ‒ El drama religioso de Unamuno. Buenos Aires: Universidad, 1949.

DIOS, A. M. de (Ed.) ‒ Epistolario português de Unamuno. Apr. J. V. de Pina Martins. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural Português, 1978.

Escritos de Unamuno sobre Portugal. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian – Centro Cultural Português, 1985.

ESCLASANS, Agustín ‒ Miguel de Unamuno. Buenos Aires: Editorial Juventud, 1947.

FERNANDEZ TURIENZO, Francisco ­‒ Unamuno, ansia de Dios y creación literária. Madrid: Ed. Alcalá, 1966.

FERRATER MORA, J. ­‒ Unamuno, bosquejo de una filosofía. Buenos Aires: Losada, 1944.

GARCÍA MOREJÓN, Julio ­­‒ Unamuno y Portugal. Prólogo de Dámaso Alonso, 2ª ed. corr. aum., Madrid: Editorial Gredos, 1971.

GRANJEL, L. S. ‒ Retrato de Unamuno. Madrid: Guadarrama, 1957.

GRAU, Jacinto ‒ Unamuno, su tiempo y su España. Madrid: Ed. Gredos, 1946.

GULLÓN, Ricardo ‒ Autobiografías de Unamuno. Madrid: Ed. Gredos, 1964.

MARÍAS, Julián ‒ Miguel de Unamuno. Madrid: Espasa-Calpe, 1943.

MEYER, François ‒ L’ontologie de Miguel de Unamuno. Paris: Presses Universitaires de France, 1955.

PARÍS, Carlos ‒ Unamuno – estructura de su mundo intelectual. Barcelona: Anthropos, 1989.

PALAU Y CLAVERAS, Agustín ‒ Bibliografía de Miguel de Unamuno Jugo. Bilbao: Imprenta Industrial S. A., 1972.

PÉREZ-LUCAS, M.ª Dolores ‒ Un agonico español – Unamuno: su vida, su obra, su tiempo. Salamanca: Ediciones Almar, 1986.

RIVERA DE VENTOSA, Enrique ‒ Unamuno y Dios. Madrid: Encuentro Ediciones, 1985.

SÁNCHEZ BARBUDO, Antonio ‒ Miguel de Unamuno. El escritor y la crítica. 2.ª ed. amp., Madrid: Taurus, 1990.

TURIEL, Pedro ‒ Unamuno. El pensador. El creyente. El hombre. Madrid: Compañía Bibliográfica Española, 1970.